terça-feira, agosto 6

Hecatombe: Operação da PF prende PMs acusados de grupo de extermínio na Grande Natal

http://jornaldehoje.com.br/
Pelo menos 22 crimes são atribuídos a esse bando, que vinha
atuando mais na zona Norte. Foto: Cedida/PF

Seis policiais militares foram presos sob a acusação de integrarem um grupo de extermínio em atuação na Região Metropolitana de Natal. Além deles, outras 12 pessoas também foram detidas durante a Operação Hecatombe, deflagrada pela Polícia Federal no início da manhã de hoje. A quadrilha, que está sendo investigada por, pelo menos, 22 homicídios, teria planejado ainda executar uma delegada da Polícia Civil, um promotor de Justiça e um agente da Polícia Federal cedido ao Estado.




Durante as investigações, que duraram mais de um ano, foi descoberto ainda que o bando criminoso pretendia resgatar o soldado Wendel Fagner Cortez, que está detido desde abril passado no quartel do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), acusado de integrar grupos de extermínio no Rio Grande do Norte. A desconfiança é de que o militar

seja um dos líderes da quadrilha.

Dos 21 mandados de prisão emitidos para a operação, que contou com a participação de 215 policiais federais, 17 foram cumpridos, sendo cinco deles contra militares, nos municípios de Natal, São Gonçalo do Amarante, Parnamirim e Cerro-Corá. Um sexto PM foi detido em flagrante com várias armas de fogo. Outros dois estão foragidos e continuam sendo procurados. Além disso, foram emitidos 32 mandados de busca e apreensão, que também foram cumpridos hoje.

Segundo o secretário de Segurança Pública e Defesa Social (Sesed), Aldair da Rocha, todos os detidos devem cumprir prisão temporária de 30 dias, que pode ser prorrogada por igual período. Durante este período, novas diligências e coletas de provas devem ser realizadas, apesar de, segundo ele, as autoridades já terem um acervo grande e consistente de provas materiais, como fotografias, filmagens, informações repassadas por informantes e outras.

Ele disse que o grupo, que agia há mais de um ano, é composto por bandidos de alta periculosidade, que matavam por inúmeros motivos, sobretudo por encomenda, pelas quais recebiam valores que variavam entre R$ 500 e R$ 50 mil por morte confirmada. Além disso, a quadrilha tinha três líderes, que escolhiam quem seria o responsável por tal execução, quem levantaria informações sobre as vítimas e outros detalhes para o crime.

“Descobrimos também que algumas mortes foram cometidas por ‘amizade’, desavenças pessoais, cobranças ou disputas por tráfico de drogas e até mesmo por motivos banais, como a estreia de uma pistola nova. Alguns deles, inclusive, já tinham sido presos em outras ocasiões, sob a acusação de homicídio. Já o perfil das vítimas variava muito e havia até mesmo outros policiais militares”, explicou Aldair.

Lista da morte

Resultado de operação deflagrada pela Polícia Federal foi apresentado à imprensa hoje pela manhã durante entrevista coletiva. Foto: Caninde Santos

Durante a coletiva de imprensa cedida hoje pela manhã, Aldair da Rocha afirmou que o grupo de extermínio planejava assassinar uma delegada da Polícia Civil, um promotor de Justiça e um agente da Polícia Federal. O motivo seria as fortes atuações destas pessoas, que não tiveram seus nomes revelados por segurança, no combate ao crime organizado no Rio Grande do Norte.

Na época da prisão do soldado Wendel, detido junto com o também militar Rosivaldo Azevedo Maciel Fernandes, ocorrida em abril passado pela força-tarefa criada pela Sesed para a investigação de crimes de homicídios sem autoria conhecida no Estado, ele teria ameaçado o promotor Wendel Beethoven e os policiais civis que efetuaram a sua prisão, conforme relatou a delegada titular da Divisão de Investigação e Combate ao Crime Organizado (Deicor), Sheila Freitas.

Dias depois, após a suspensão da força-tarefa, a delegada revelou que, na prisão do soldado Wendel, chegou a sentir medo de um confronto armado com o acusado, que disse só ter se rendido porque era a Polícia Militar que estava ali para prendê-lo. No mesmo dia, ele teria ameaçado de morte também o promotor Wendel Beethoven.

Apesar disso, o secretário Aldair da Rocha e o delegado da Polícia Federal Alexandre Ramagem não confirmaram os nomes de Sheila ou de Beethoven como as possíveis vítimas marcadas para serem executadas pelo grupo de extermínio.

“São pessoas de alta periculosidade, que matam tanto por dinheiro como por motivos banais. Aliás, a banalização dos homicídios é uma das marcas do grupo, que agia preferencialmente na zona Norte de Natal. Temos provas consistentes contra eles e agora, com a prisão deles, vamos poder levantar muitas outras informações sobre esta quadrilha”, afirmou Alexandre Ramagem.

Nenhum comentário:

Postar um comentário